Bratislava – A Porta do Leste

Se Viena, nos anos da Guerra Fria, foi a capital da espionagem, a vizinha Bratislava foi a porta de entrada para o leste Europeu. Naqueles anos, viajar os poucos quilômetros entre essas duas cidades, significava cruzar a barreira entre dois mundos distintos. Significava atravessar a Cortina de Ferro. Aventura digna de filme de James Bond, eram necessários passaportes com vistos especiais, atravessar diversas barreiras de controle e enfrentar guardas mal encarados a fazerem perguntas infindáveis sobre os motivos de tal viagem. Além disso, malas e bagagens eram revistas a exaustão, a busca de fundos falsos que pudessem esconder qualquer tipo de artefato ou documento que fosse considerado perigoso pelo regime comunista.

Naqueles tempos existia apenas a Tchecoslováquia, que com a queda da cortina de ferro, cindiu-se em dois países, ficando Praga como capital da República Tcheca e Bratislava como a capital da Eslováquia. A cisão se deu em bons termos entre as duas nações, que apesar de serem povos de origens culturais e idiomas distintos, sempre mantiveram uma profunda relação de cordialidade.

Hoje, viajar para Bratislava é coisa banal. Não há barreiras ou guardas. Não há fronteiras visíveis. Não há temor de se mostrar a verdade dos fatos. Mas ainda assim, Bratislava continua sendo a Porta de entrada para o leste Europeu. Há uma clara e visível diferença entre os dois mundos e a herança da frustrada experiência comunista se faz claramente visível na monótona arquitetura socialista dos edifícios residenciais, na decadente infraestrutura urbana e nos horrendos prédios governamentais construídos por Stalin.

Mas há uma Bratislava moderna surgindo vibrante das cinza do socialismo com suas novas construções modernas e sofisticadas e shopping centers de última geração nada deixam a desejar aos que existem em Miami ou Kuala Lumpur. E há uma também uma bela Bratislava medieval, que se manteve intocável através dos anos. Cafés, galerias de arte e bons restaurantes fazem o deleite dos turistas que constantemente caminham pelas ruas estreitas repetindo os passos de Cavaleiros Cruzados que passavam por esta porta do Leste a caminho de Jerusalém.

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